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terça-feira, 1 de março de 2011

Acelerador LHC dará força a teoria unificadora da física


O físico e matemático americano Edward Witten é hoje um dos principais nomes da teoria das cordas: uma ideia antiga da física que afirma que as menores unidades formadoras da matéria e da energia (incluindo a luz) são cordas vibratórias. 

Apesar de ainda não ser comprovada, já que as cordas nunca foram "vistas", Witten aposta que a teoria terá avanços significativos nos próximos anos, informa reportagem de Sabine Righetti.

O cientista ficou conhecido internacionalmente ao encabeçar uma revolução recente na física teórica. Ele e seus colegas uniformizaram cinco variantes das cordas, em 1995, ao criar a "teoria M", considerada a versão mais robusta da ideia. 

Enquanto esteve no Brasil para um curso no Instituto de Física Teórica da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Witten disse que os aceleradores de partículas, como o LHC, poderão validar a teoria em breve --um grande passo para uma visão definitiva das leis que regem o Universo. 

Folha - O sr. é hoje um dos principais nomes da teoria das cordas. Como explica as cordas e o fato de não haver ainda comprovação para ela?

Edward Witten - Na física moderna, há duas teorias importantes: a mecânica quântica, que trata dos átomos e das partículas subatômicas, e a teoria da relatividade, de Albert Einstein, que trabalha as grandes escalas do Universo. As cordas são uma tentativa de unir essas duas teorias a partir de um modelo único que descreva, com eficiência, as diferentes forças da natureza [a teoria das cordas descreve a formação da matéria ao afirmar que a menor unidade da matéria são "cordas" em movimento]. 

Mas há quem diga que as cordas são quase uma "profecia", já que não há dados experimentais sobre elas.

A teoria não tem nada de profética. Alguns cientistas não a entendem direito e não compreendem porque ela ainda não foi comprovada. Outras teorias da física, como a mecânica quântica, estão mais desenvolvidas. Só isso. 

Essa comprovação virá pelos experimentos com os aceleradores de partículas?

A teoria das cordas tem mais de 40 anos, mas ainda faltam algumas explicações. Os aceleradores de partículas como o LHC [o acelerador de partículas mais potente do mundo, que fica em Genebra, na Suíça] podem explicar a natureza e revelar indícios de outras dimensões. Por isso, poderão contribuir para explicar as cordas.
As cordas [conforme postulado pela teoria] vibram em 11 dimensões, sendo três dimensões espaciais, a dimensão do tempo e outras tantas que não conseguimos perceber. Os aceleradores podem mostrar isso. Eu conheço alguns cientistas que trabalham no LHC, e temos mantido contato. Não acho que a comprovação da teoria venha em dez anos, como dizem por aí. Nem sei de onde veio a ideia de "dez anos". A comprovação pode vir antes. 

A teoria também trata da origem da matéria. Por que existe uma obsessão para explicar o começo de tudo?

Porque isso é realmente fascinante. Há muitas perguntas sem resposta. É normal que a gente queira achar respostas, e existem muitas possibilidades sendo levantadas. Há físicos que dizem que o Universo está dentro de um buraco negro. Não há evidências suficientes para isso, mas a ideia faz sentido. Se o Universo estiver num buraco negro, ele será o máximo que você conseguirá enxergar. E, como os buracos negros são realmente muito grandes, sim, nós podemos estar dentro de um deles.(Folha de São Paulo)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Maior máquina do mundo tem parada adiada para 2013


Prorrogação se deve ao bom desempenho que o aparelho gigante teve em 2010

Cientistas responsáveis pelo maior acelerador de partículas do mundo anunciaram que o Grande Colisor de Hádrons (LHC) não vai mais fazer uma parada técnica no final deste ano. Os especialistas haviam programado que o equipamento funcionasse até o fim de 2011 e fizesse uma pausa técnica no começo de 2012 para retomar os trabalhos em 2013.

Por meio de um comunicado publicado nesta segunda-feira (31) no site do Cern (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear), responsável pela supermáquina, Steve Myers, diretor do Cern para aceleradores e tecnologia explica que o “excelente funcionamento” do LHC em 2010 provocou mudanças no cronograma. Até 2012, a maior máquina do mundo continuará sendo operada com a energia de 3,5 TeV (teraelétron-volts).

- Se o LHC continuar a melhorar em 2011, como aconteceu em 2010, teremos um ano muito especial à nossa frente.

Um dos principais desafios do LHC é encontrar a partícula bóson de Higgs, só descrita na teoria, e base para a explicação de diversos conceitos físicos.

No final de março do ano passado, o colisor conseguiu pela primeira vez recriar uma situação similar aos instantes posteriores ao surgimento do Universo. A colisão de partículas, feita a uma energia de 7 TeV, foi alcançada após duas tentativas fracassadas – o recorde anterior havia sido obtido em 2009, quando a energia chegou a 1,18 TeV.

Na escala de nosso mundo cotidiano, 7 TeV ou 14 TeV é a energia cinética de sete ou 14 mosquitos voando. Parece pouco, mas esses valores são enormes quando se trata de prótons porque durante o choque, a energia se concentra em uma área um bilhão de vezes menor que um mosquito.

O sucesso do experimento abre as portas para uma nova fase na física moderna, já que agora será possível dar respostas a inúmeras incógnitas sobre a origem do Universo e a matéria.

Em junho de 2010, a supermáquina produziu uma taxa de colisão de feixes de partículas recorde: 10 mil colisões de prótons por segundo, o dobro de sua marca anterior.

Equipamento já teve vários problemas

Com 27 km, o acelerador de partículas é uma estrutura circular construída a 100 m de profundidade na fronteira entre a França e a Suíça, ao custo aproximado de R$ 10 bilhões (US$ 5,2 bilhões). 
O LHC começou a processar partículas em novembro de 2009, depois de ser desligado em setembro de 2008, mês de sua inauguração, devido a um superaquecimento.

Cinquenta e três dos 1.624 grandes ímãs supercondutores (alguns deles com 50 m de comprimento) foram danificados e precisaram ser substituídos.

Sua construção envolveu 7.000 físicos de todo o mundo e durou 12 anos.

Em novembro de 2009, a máquina precisou ser desligada novamente porque um pedaço de pão, provavelmente levado por um pássaro, obstruiu o transformador elétrico.

O equipamento gigante chegou a despertar temores infundados de que poderia criar buracos negros capazes de destruir a humanidade. O aparelho foi citado no best-seller Anjos e Demônios, de Dan Brown.