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domingo, 23 de janeiro de 2011

Campus Party - Steve Wozniak


Woz
Mas a grande atração do dia – e talvez de todo o evento – tenha sido a palestra de Steve Wozniak, o criador do computador pessoal como o conhecemos hoje. Bonachão, bem humorado e tratado como a lenda viva do mundo digital que é, “Woz” como é mais conhecido foi recebido por uma multidão ainda maior do que aquela que se reuniu para assistir à palestra de Al Gore.

Antes de sua apresentação, às 19h, Wozniak deu uma entrevista coletiva em que preferiu ser mais político e conciliador, mesmo que as perguntas o provocassem. Falou que gosta do Android, o sistema operacional para celulares do Google, e não quis falar do sistema similar da Microsoft, o Windows Phone, por dizer que nunca havia o usado – antes de elogiar, com algumas ressalvas, o sistema operacional do iPhone. O máximo de provocação que se atreveu foi cutucar a própria Apple, ao dizer que incluiria uma série de recursos no iPad (entradas diferentes, câmeras, etc.), caso ainda trabalhasse na empresa.

Em sua palestra, o cofundador da Apple falou de seus anos de formação e resumiu em uma hora a parte de sua biografia que lhe tornou um ícone – e contou, para centenas de campuseiros silenciosos e vidrados, como um engenheiro da computação tímido mudou a história dos computadores. Falou da importância de ser uma pessoa bem humorada, de bem com a vida, que gosta de fazer brincadeiras com os amigos e como isso tinha a ver não só com a natureza da personalidade das pessoas criativas como com o próprio público da Campus Party.

Contou como inventou o computador pessoal a partir de uma série de observações sobre invenções que aos poucos invadiam os lares norte-americanos, no final dos anos 70, como o videogame, a televisão a cores e a calculadora científica. Falou de como conheceu Steve Jobs e de sua obsessão por criar algo que pudesse ser vendido para as pessoas. Wozniak, antes da Apple, trabalhava na HP e quis oferecer o computador que estava criando para a empresa, que recusou. Felizmente, segundo disse, afinal a empresa não iria vender o aparelho para as pessoas comuns, e sim para outros engenheiros. E convenceu-se de que a grande sacada de Jobs foi levar aquele novo aparelho para o lar de qualquer um – e de transformá-lo em um aparelho que fosse divertido ao mesmo tempo que útil e prático.

Antes de terminar sua apresentação, Wozniak parou de falar sobre sua trajetória para falar um pouco sobre o problema da neutralidade de rede, abordado pelo Link há algumas semanas. Ele sublinhou a importância da rede permanecer livre e gratuita para as pessoas, não para os provedores de acesso e operadoras telefônicas. “Não podemos confiar neles”, disse, num evento patrocinado por uma empresa desta natureza.

Ao final da palestra, o “prefeito” da Campus Party, Mario Teza, chamou o público para fazer perguntas no palco, ao lado de Woz. Em uma das respostas que mais causou sensação, ele foi perguntado sobre o que achava do fato da Apple querer fechar o ambiente digital em torno de sua própria marca, tornando mais difícil a interação com outros computadores e sistemas operacionais. E respondeu falando uma das expressões mágicas da Campus Party: “Acredito no open source”, disse antes de ser aplaudido com entusiasmo. Não era difícil notar que a felicidade dos campuseiros que o assistiam vinha do fato de se reconhecerem no nerdismo bonachão de Woz, uma inspiração – direta ou indireta – para grande parte dos presentes.

Depois de sua apresentação, a organização do evento formou uma fila para que Wozniak pudesse tirar fotos com os campuseiros e autografar sua biografia, iWoz, lançada no Brasil pela ocasião de sua vinda. A fila deu a volta em quase todo o pavilhão do Centro de Exposição Imigrantes e durou mais de três horas para chegar ao fim.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Campus Party: para especialista, Apple é vilã da internet

Para Sergio Amadeu, a Apple quer criar uma internet dentro da própria internet

Desde sua criação, a liberdade da internet gera polêmicas, especialmente em um contexto em que grandes empresas monopolizam, comandam o público e ditam suas próprias regras. Para o especialista Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) disse nesta quarta-feira na Campus Party que a Apple quer criar uma internet dentro da própria internet, e por isso se tornando vilã.

Para ele, as regulações próprias criadas pela empresa para o acesso à rede por meio de seus produtos ferem os princípios de comunicabilidade, universalidade e neutralidade da internet. 

A empresa de Steve Jobs, segundo Amadeu, ainda impede o desenvolvimento da tecnologia na medida em que cria uma espécie de "feudalismo digital" dentro da internet. "Eu não posso gerar inovações tecnológicas se uma empresa monopoliza o modo de usar a rede. Isso impede a criatividade, já que pacotes criados por desenvolvedores anônimos, como os campuseiros, precisam ser aprovados pelas regras da Apple", concluiu. 

Campus Party Brasil 2011

Nascida na Europa, em 1997, a Campus Party é um dos maiores eventos de tecnologia, entretenimento e cultura digital do mundo que, em 2011, chega a sua quarta edição brasileira. Além do Brasil, são tradicionais os encontros realizados na Espanha, na Colômbia e no México. A Campus Party Brasil acontece de 17 a 23 de janeiro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo (SP).

Para este ano, são esperados mais de 6,8 mil participantes - ou campuseiros - sendo que dentre esses, mais de 4,5 mil ficam acampados no local. Além de atividades como oficinas e exposições a Campus Party Brasil 2011 terão inúmeras palestras. Entre os confirmados, estão o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, Tim Berners-Lee, pai da "WWW", e Jon Maddog Hall, presidente da Linux International, e muitos outros.(Terra)

Deus 'quer' wi-fi grátis, onipresente e sem senha, diz ícone do software livre

John Hall, da Linux International, participou de evento na Campus Party.
Segundo ele, é possível fazer dinheiro usando hardware e software livres.

Uma das figuras mais importantes do movimento que defende o uso de software livre participou da Campus Party 2011 nesta quarta-feira (19) para convencer as pessoas loucas por tecnologia a usarem seu conhecimento para ajudar os outros. Jon Hall, que há anos luta para se livrar do apelido "Maddog" (em inglês, "cachorro louco"), defendeu ainda a distribuição gratuita de internet via wi-fi nos grandes centros urbanos.

“Internet sem fio livre, que não precisa de senha e de termos. Foi assim que Deus entendeu que a internet deveria ser”, afirmou o atual diretor-executivo da Linux International. No evento, Hall voltou a falar no Projeto Cauã, apresentado em julho de 2010 na última Feira Internacional do Software Livre (fisl) em Porto Alegre. O projeto tem como objetivo criar computadores simples e baratos, conhecidos com "thin clients", para democratizar o acesso à informação.

“Eu fui vendedor de sistema de computação para levar os computadores para as pessoas. Mas vocês são muito ‘geek’. Vocês ficam tão focados na tecnologia que se esquecem de algumas coisas, como tomar banho”, brincou Maddog.

Durante a palestra, ele explicou como é possível ser um empreendedor e fazer dinheiro usando hardware e software livres. “No Brasil, a internet não está tão longe das pessoas que não tem acesso. Eu quero mostrar como todo mundo pode ter internet”, disse.

Segundo "Maddog", essas pessoas poderiam usar dispositivos de acesso baratos e buscar informação e treinamento para conseguir um novo emprego. “Eu quero criar milhões de empregos, criar computadores mais sustentáveis e fáceis de usar. Nós achamos fáceis porque somos ‘geeks’ e gostamos se sofrer”.(G1)